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PACRA PARTICIPA DO FICA 2012 EM GOIÁS


A palestra Cultura, Meio Ambiente e Reforma Agrária – universos complementares foi realizada na manhã desta quinta-feira (28), no pátio da Igreja do Rosário, na Cidade de Goiás. O evento faz parte da programação da 14ª edição do Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental (Fica 2012), que acontece até o próximo domingo (1). O debate contou com as presenças do presidente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Celso Lisboa de Lacerda, do superintendente do órgão em Goiás, Jorge Tadeu, e da coordenadora do Projeto Arte e Cultura na Reforma Agrária do Ceará (CE), Silma Magalhães.
Silma Magalhães levantou a questão de como tem se dado essa complementação entre a cultura, a reforma agrária e o meio ambiente. “Os projetos de assentamentos e o campo em geral, os povos do Cerrado, do mar, da floresta, são os grandes detentores da diversidade no país e eles precisam ser apoiados dentro dessa perspectiva”, observou.
Já o presidente do Incra, Celso Lisboa Lacerda, fez uma reflexão sobre o modelo econômico brasileiro e relembrou a época em que o êxodo rural levou a migração das populações do campo para a cidade, resultando na falta de empregos. “Ao mesmo tempo em que esse fato gerou miséria, historicamente no Brasil e principalmente por organizações da própria Igreja Católica, deu início a criação de grupos de agricultores sem terras que começaram a cobrar o governo pela reforma agrária”, destacou.
“Hoje fomentamos a visão de que a reforma agrária não é uma política do Incra, é uma política de todos, porque é preciso ter nos assentamentos: educação, estrada, casas, assistência técnica. Até hoje o instituto é quem conduz essas políticas”. Outra questão atual no órgão é sobre o programa de mudança no modelo tecnológico, fato que, para o presidente, vai ao encontro dos assuntos abordados durante o Fica 2012. “A cultura do camponês passa pela forma como ele produz, a forma como o campo brasileiro produz hoje e está difundido não é uma coisa inerente da cultura do camponês, é algo da cultura norte-americana”, frisa.
Para ele, o Brasil ainda é repleto de conflitos de terras, mas a reforma agrária não se traduz na redistribuição de terra. “Essa questão se resume em cultura, lazer, esporte e tantas outras coisas. Por isso nós precisamos de todos para poder fomentar isso dentro dos projetos de assentamento”, salientou.
Cidade de Goiás - Segundo o secretário Gilvane Felipe, a participação do Incra no Fica era um sonho antigo da  Secretaria de Estado de Cultura (Secult Goiás). Daí o desafio de envolver as pessoas que vivem em assentamentos na região da Cidade de Goiás, acostumados com a realidade do campo, no cenário cultural. O presidente do Incra afirmou que o território vilaboense é histórico e uma das principais áreas brasileiras que fazem parte da discussão das mudanças para o povos do campo. “Aqui talvez seja um dos berços da reforma agrária no Brasil, justamente por haver muitos projetos de assentamento no entorno da cidade”, avalia. Segundo Lacerda, ainda há muito o que construir nesta área do Estado.
O consultor ambiental do Fica 2012 e professor da Universidade Federal de Goiás (UFG), Emiliano Lobo de Godoi, comenta que os assentamentos rurais são tratados, em geral, de forma bastante negativa na questão ambiental e, exatamente por isso, a cultura pode reverter esse processo. “A questão cultural pode sensibilizar os assentados para que, de alguma maneira, tratem melhor os recursos naturais e melhorem a qualidade ambiental dos assentamentos”, avalia.
Ele ressalta, inclusive, que o Fica 2012 está sintonizado a essa discussão, já que uma das oficinas desta quinta-feira é sobre fossas ecológicas nesses locais. “Isso faz com que a gente tenha a perspectiva, a cada ano de realização do festival, de uma contribuição maior para a qualidade de vida dessa população”.

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